sábado, 11 de novembro de 2006

Livre

Estou preso a tudo;
Tudo é perdição.
Estou perdido nas palavras sem elo
De ligação com quem quer que seja.
Facetas no esvão de uma alma passada
Nas frias manhãs.

Onde encontrarei mais inspiração
Se eu deixei todas elas num lugar afastado?
Sentinelas ao meu redor
impedem-me de alcançar o ápice
Dos picos andinos.

Ah, se eu voasse!
Romperia com a gravidade
E poderia pousar na nuvem mais branca
A espreita do meu companheiro poético.

Claro está de não encontrá-lo
Nos morros gelados de uma cidade deserta.
Os fantasmas que existem lá
Dão suspiros de alívio da minha certeza.

A minha ilíada errante termina
Sem nada ter acrescentado
Ao dia que se inicia,
Ao instante destoante da monotonia
E ao meu palúrdio momentâneo de liberdade.

Não quero a minha vontade
Pois sei que estarei eternamente perdido.
Vou rasgar e decepar da memória
Este poema lido.

Rejeitá-lo-ei para nunca mais sentir o cansado sofrido
No escopo de vislumbrar o descanso no Ombro Amigo,
Este que está eternamente vivo,
O ressurrecto Cristo,
Mesmo sendo morto no crucifixo.

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